Escore de cálcio


AVALIAÇÃO DO ESCORE de cálcio coronariano (ECC) consiste na utilização de um teste não invasivo, capaz de demonstrar calcificações coronarianas, com o intuito de rastrear pacientes de maior risco para eventos coronarianos. Esta idéia se baseia no
fato de que as calcificações são encontradas mais freqüentemente nas placas ateroscleróticas mais avançadas e em artérias maiores, conforme já demonstrado
histologicamente.
Inicialmente, esta avaliação era obtida por meio de um tomógrafo de alta velocidade, conhecido como tomógrafo por feixe de elétrons (electron-beam CT).
Com este tipo de equipamento eram obtidas imagens de 3 mm de espessura em menos de 100 milisegundos, geralmente durante a diástole. Com esta tecnologia, Agatston e cols desenvolveram o ECC, com a premissa de que este cálculo ou parâmetro pudesse ser um fator preditor de eventos coronarianos posteriores. Recentemente, a tomografia computadorizada com múltiplas fileiras de detectores vem sendo empregada para a avaliação do ECC. Dentre as vantagens destaca-se o fato de este tipo de equipamento ter uma maior disponibilidade em vários centros, além de utilizar cortes de espessura semelhantes (usualmente 2,5 mm), que também podem ser adquiridos durante a diástole.

O ECC COMO PREDITOR DE DOENÇA CARDIOVASCULAR
A possibilidade de se identificar indivíduos de alto risco para eventos cardiovasculares pode propiciar a orientação de medidas terapêuticas precoces e apropriadas, levando a melhores resultados clínicos. A doença cardiovascular é um dos problemas de saúde mais importantes no mundo, sendo responsável por grande número de mortes e com grande impacto econômico para os sistemas de saúde. Este fato é mais evidente em diabéticos que apresentam elevada taxa de mortalidade cardiovascular. É justamente neste sentido que pode ser útil o emprego do escore de cálcio.
A presença de placas calcificadas se correlaciona com o avançar da idade, progredindo rapidamente após os 50 anos de vida, com escores pouco menores observados nas mulheres abaixo de 70 anos. É importante ressaltar que, apesar de o ECC representar
uma estimativa da quantidade total de placas presentes em um indivíduo, ele não corresponde diretamente aograu de redução luminal de um determinado vaso. Um ECC igual a zero indica que não há cálcio
depositado nas artérias, o que significa que existe uma
probabilidade baixa de doença coronariana significativa
(valor preditivo negativo ao redor de 95%) e
baixo risco para um evento coronariano nos próximos
2 a 5 anos . Assim, a importância do ECC reside
na sua habilidade de identificar indivíduos em risco
para eventos coronarianos e integrar esta informação
com outros fatores de risco para sua estratificação e
orientação quanto à prevenção cardiovascular. Os pacientes
com escores mais baixos apresentam risco
relativo menor de eventos coronarianos quando comparados
com aqueles que apresentam escores mais altos
(portanto nos percentis mais elevados quando ajustados
para gênero e idade) (10-15). Da mesma forma, o ECC
também apresenta valor independente e incremental
quando comparado com a análise de risco para eventos
cardíacos pelos critérios de Framingham.

APLICAÇÕES CLÍNICAS DO ECC
Apesar de se tratar de metodologia recente, a detecção e
quantificação do ECC já apresenta diversas aplicações
potenciais, algumas das quais com um bom nível de
evidência, justificando a sua aplicação clínica. Nos
parágrafos a seguir, faremos uma revisão das principais
indicações clínicas atuais deste método, de acordo com as
diretrizes de algumas das principais sociedades cardiológicas
internacionais. Para estas diretrizes utilizaremos a
classificação de níveis de evidência e recomendação da
American Heart Association (AHA).
Níveis de evidência
A – Evidência suficiente, proveniente de múltiplos
estudos randomizados;
B – Evidência limitada, proveniente de único
estudo randomizado ou de diversos estudos não
randomizados;
C – Evidência baseada na opinião de
especialistas, estudos de casos ou baseada na prática
corrente da medicina.
Classes
I – A intervenção é útil e efetiva;
IIa – O peso da evidência/opinião favorece a
utilidade/efetividade;
IIb – A utilidade/efetividade não é tão bem
estabelecida pela presente evidência/opinião;
III – A intervenção não é útil/efetiva e pode ser
até prejudicial.
A primeira indicação do emprego do ECC é
para a estratificação do risco para doença coronariana e conseqüentemente eventos clínicos.

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